terça-feira, 20 de agosto de 2013

Capítulo 23: “O dia mais feliz da minha vida”

Olá minhas queridas leitoras!
Desculpem a demora mas aqui têm o capítulo 23 desta fic, podia dizer-vos milhões de motivos pela demora, mas optei por ser sincera:
O meu sentimento pelo jogador mudou e muito, continua forte e tenho ideias para escrever mas sempre que tentava escrever, algo me impedia.
Cresci enquanto pessoa e escritora desde que comecei esta fic que foi a minha primeira, e como tal já não me identifico com o que escrevo aqui.
Adoro tudo o que escrevi e todas as ideias e o jogador, adoro o clube. E vou guardar no meu coração todos os comentários e opiniões que recebi de todas vós.
Quanto ao futuro da fic, pensei que poderia encerrar com este capítulo, seria algo emocionante e um final feliz, como todas desejam para estas duas personagens e em especial para o Nico. Mas tudo depende do que vocês decidirem para esta fic, se pretendem que acabe com este capítulo, ou se continuem. E digo, sinceramente, que se continuar posso demorar a escrever e haverá muitas, diversas mudanças na história deles.
Mas quanto á fic "Quase Impossível", continuarei a escrever, como sempre! 
Podem deixar as vossas opiniões, ou comentários neste capítulo ou por mensagem no meu facebook, ou no grupo. Preciso mesmo é que me enviei por favor. É importante sabê-lo.
Beijinhos

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-Buenas tardes Rita. – Disse o senhor e eu fiquei a olhar para ele sem reação possível. Reconheci logo quem era, dispensava apresentações, tinha demasiadas parecenças com o Nicolás, além do mais era a única explicação lógica para apesar de nunca o ter visto na minha vida saber o meu nome. Fiquei sem saber o que responder mas acabei por cumprimentar o senhor com dois beijinhos na face e responder embora com vergonha:

-Buenas tarde senhor... – Não conclui a frase porque na verdade não sabia o nome do senhor, o que era uma enorme vergonha não saber o nome do meu sogro.

-Osvaldo. – Respondeu o Nico sorrindo e cruzando as nossas mãos.

-Como tu? – Perguntei envergonhada trocando um olhar cúmplice com o Nico.

-Sim carinho. – Deu-me um beijo na testa. – Osvaldo como eu.

-Então isso quer dizer que seguindo a tradição também vamos ter um filho Osvaldo certo? – Todos se começaram a rir inclusive o Ezequiel e eu fiquei super envergonhada, será que tinha dito alguma asneira?

-A Rita é muito inteligente! – Disse a minha sogra sorrindo.

-Embora a ideia me agrade não tem de ser assim minha querida. - Disse o meu sogro sorrindo e eu senti as minhas bochechas a serem alvo de uma vergonha tamanha e a cor mudar radicalmente em vez de ser a sua cor natural estava mais vermelha que um campo de tomates prontos a serem colhidos. – E não precisas de envergonhar cada vez que falo, sou apenas o pai do Nicolás, não sou nenhum bicho papão. – Disse e depois começaram todos a rir-se e eu senti que se existisse um buraco eu saltaria para lá, ou melhor escavava um eu própria e iria para lá, pelo menos até se esquecerem deste momento embaraçoso para mim.

-Já sabes como é que eu me senti quando conheci os teus pais! – É o que eu digo, está tudo contra mim! Até o Nico ajuda a com que fique ainda mais envergonhada! – Por acaso nunca tinha pensado em ter um filho Osvaldo, não é um nome muito popular hoje em dia. – Disse ele.

-Mas não é uma carta fora do baralho. Por enquanto temos tempo para pensar em bebés, por enquanto estamos só nós os dois bem. – Disse dando-lhe um beijo na testa. – Filhos só depois do casamento senão deves explicações ao meu pai e não vai ser fácil. – Confessei sorrindo.

-Secalhar o casamento está mais próximo do que pensas. – Disse a minha sogra entredentes e eu fiquei sem entender aquelas palavras mas nem pensei muito nisso, talvez fosse alguma brincadeira. O Ezequiel apesar de não muito falar muito escutava com muita atenção. Trocamos mais algumas palavras, a minha sogra estava preocupada comigo, porque razão estaria de muletas e eu tive de lhe contar a verdade, mas escondi alguns pormenores claro, havia pormenores íntimos que preferia guardar para mim mesma e para o meu namorado. E claro que ofereceram logo ajuda e algum apoio e quiseram fazer tudo para não fazer demasiado esforço com aquele pé. Mas eu não me sentia bem a não ajudar, sentia-me uma inútil sem fazer nada. Não sabia cozinhar era certo mas podia fazer outras coisas, podia ajudar com as limpezas, podia arrumar as malas do Nico, visto que eu não tinha nada meu. Era fácil saber com o que dormiria, uma t-shirt do Nico bastava-me mas e amanhã? Que roupa vestiria?  Apesar de estar aqui num verdadeiro gesto de amor, numa autêntica prova de amor mas isso não me dava roupa para vestir. Os pais do Nico levaram-nos até ao quarto onde iriamos ficar ficar e o quarto não me desagradava de todo, até gostava bastante.

 

Deitei-me na cama enquanto o Nico arrumava a roupa dele e acabei por adormecer. Estava cansada depois do dia atarefante que tinha sido, as viagens de avião são sempre cansadas então quando são viagens de muitas horas mais cansativas se tornam ainda mais, depois passeamos pela capital do país do meu amor e as energias não aguentaram tanta coisa, somando estes fatores a uma noite mal dormida num banco de aeroporto pior era.  
Acordei pouco passavam das 9h, devido á diferença horária, senti uns braços a agarrar-me na barriga, só podia ser o Nicolás, mexi-me de forma a não o despertar e olhei para ele, estava tão carinhosamente querido a dormir que não resisti a dar-lhe um beijo, ligeiro nos lábios, era uma forma de lhe demonstrar que o amo e que o queria do meu lado, sentia tantas saudades dele apesar de ainda ontem ter estado com ele. Sentia saudades dele porque tinha estado longe dele, longe de nós e o meu coração sentia saudades de todo ele, tinha sido uma verdadeira idiota a deixá-lo, a tomar atitudes infantis e idiotas e queria aproveitar o tempo que pudesse para matar saudades, para lhe demonstrar que estava arrependida. Não estava grávida, era certo, eu queria muito ser mãe, é o meu sonho desde a altura em que falava, tinha coleções de bonecos e todos eles tinham nomes, eram como filhos para mim. Mas se o Nicolás quisesse ser pai, eu punha de lado, o meu sonho de concluir a universidade para ser mãe, eu faria isso por ele, porque mais importante do que eu, era o amor que me unia ao Nicolás, e se ele era feliz eu estava feliz por ele e por nós.
Ele abriu os olhos e sorriu-me, retribuiu o meu beijo, dando-me um beijo mais intenso e demorado que o anterior e disse:
-Buenos dias! – Sorriu. – Não existe melhor despertar que este! – Corei mais uma vez, independentemente do tempo a que estamos juntos, havia hábitos meus que se mantinham e corada eu ficaria sempre desde que o tivesse a meu lado.
-Já te disse que és o mais tontinho do mundo? – Sorri. – E sim existe melhor despertar que este, é quando por exemplo nos trazem o pequeno-almoço á cama e eu não o trouxe porque acabei de acordar... Desculpa. – Fiz beicinho e ele sorriu.  
-Para começarmos os dois de forma perfeita o dia de hoje fazemos assim tu ficas deitadinha aqui na cama que eu vou lá abaixo buscar o pequeno-almoço e trazer-te á cama pode ser? – Ele estava já a levantar-se mas eu puxei-o para dentro da cama novamente.
-Amor. – Disse melosa enquanto ele se deitava ao meu lado. – Não queres ficar aqui o dia todo deitado a matar saudades? – Perguntei enchendo a cara de beijinhos.
-E o que dizemos aos meus pais? Olhem desculpem mas vamos ficar pela cama o dia todo a dar beijinhos? – Disse enquanto falando comigo olhos nos olhos.
-Achas que me consegues agarrar á cama só com beijinhos? Acho que me dava o sono e adormecia... – Fiz beicinho. – Por muito que goste dos teus beijinho assim não me prendes á cama assim! – Colocou-se em cima de mim e colocou as minhas mãos debaixo da minha almofada e da minha cabeça e beijou toda a minha face e depois deu um beijo nos lábios, depois começou a beijar-me o pescoço e senti-me ainda mais atraída por ele, era impossível resistir-lhe.
Até que a porta do quarto se abriu e entrou, o Nico deitou-se ao meu lado e eu virei-me para o lado da porta. Fosse quem fosse não tinha o direito de entrar pelo quarto sem pelo menos avisar, imagine-se que estávamos a fazer algo mais... Pessoal e íntimo?
O Ezequiel entrou pelo quarto e tapou os olhos num gesto rápido e eu sorri, logo disse:
-Desculpem... – Disse ele ainda de olhos tapados. – Não queria interromper nada.
-E não interrompeste tonto. – Sentei-me na cama. –Estávamos só a falar.
-Já lhe ouvi chamar muitas coisas... – Comecei a rir-me. – É seguro olhar?
-Tão seguro como me chamar Osvaldo! – Disse o Nicolás e provocou gargalhada total. O Ezequiel tirou as mãos da frente dos olhos e espreitou, primeiro com o olho esquerdo depois com o olho direito. – Então diz lá o que te trouxe ao nosso quartinho com tanta pressa?
 -A tua mãe pediu para vos vir acordar com urgência que senão chegavam atrasados...
-Atrasados? Que é que andaste a tramar Osvaldo Nicolás Fabián Gaitán? – Disse.
-Estou tão desnorteado como tu. – Queixou-se. – Tu sabes de alguma coisa Ezequiel?
-Não, a tua mãe só me disse que vos queria lá em baixo de pijama em... – Olhou para o relógio que estava no pulso esquerdo. – Bem ela disse que tinham de lá estar em baixo dentro de 5 minutos  e já passaram seis por isso se fosse a vocês ia a correr. Eu deixo-vos em paz para se vestirem.. Fui. – Virou costas e foi-se embora do quarto e lá ficamos a olhar um para o outro sem entender o que se passava, porque tinha a mãe dele tanta urgência? Ficamos preocupados e acabamos por ir com a roupa que tínhamos no corpo para o andar de baixo daquela casa.
Ao final das escadas existia a sala de convívio e enquanto a minha sogra andava de um lado para outro da sala atarefada a arrumar tudo e o meu sogro sentado no sofá a ver televisão, havia algo mais típico? Assim que os vimos o Nico disse:
-Buenos dias. – Disse e eu respondi baixinho num português simples e envergonhado.
-Bom dia. – Olharam ambos para trás e enquanto o meu sogro se aprontou a levantar-se e a vir-me cumprimentar com dois beijinhos e dar um abraço ao filho e responder.
-Bons dias! Dormiram bem? – Perguntou num espanhol que eu percebi e deixei que o Nicolás respondesse porque eu não sabia o que dizer.
-Sí. Sí. – Deu um abraço ao pai. – O Ezequiel chamou-nos qual é a pressa da mãe?
-Só sei que ela ainda não deu por vocês senão estava já a mandar vir que estavam atrasados.
-Mas atrasados para o quê? – Disse tentando arriscar no meu espanhol embora envergonhado. A minha sogra olhou para nós e começou a falar connosco num espanhol irritado, conseguia bem perceber porque ganhavam uma maneira especial de falar sempre que se enervavam.
-Acham que isto são horas meninos? São 9:10, ás 11h tem de estar prontos e ainda nem banho tomaram!
-Madre... – Disse o Nico calmo. – Porque tanta pressa? Nós só vamos apanhar o avião daqui a uns dias...
-É surpresa até depois do banho, coisa que vão tomar agora. – Eu e o Nico sorrimos, banho juntos haveria como negar algo tão irrecusável? – Rita vai tomar banho enquanto o Nicolás toma o pequeno-almoço e quando voltares vai ele, mas despacha-te tens 5 minutos senão tomas banho de água fria!
Não queria provocar a minha sogra por isso decidi ir tomar banho e para quem demora vinte minutos no minuto consegui reduzir o meu mínimo para seis minutos, sendo que o último já foi de água fria, a minha sogra desligou a água quente, cumprindo o que prometeu e eu fui até ao quarto e vesti uma t-shirt do Nicolás, porque não tinha nada meu e fui até ao andar de baixo e entendi que o Nico já estava no banho e eu teria de ir comer algo.
Voltei ao andar de banho e a minha sogra deu-me uma sandes de manteiga e levou-me novamente até ao quarto do Ezequiel. Porque iriamos para lá? Eu precisava de ir até ao seu quarto para vestir uma roupa sua e pudermos ir descobrir encantos da bonita cidade de Buenos Aires.
Entrei dentro do quarto e a primeira imagem que me soltou á vista foi um vestido de noiva que estava sobre a cama. Mas o que significava tudo aquilo? Fiquei sem reação possível e a minha sogra não tardou em explicar.
-Minha querida. – Colocou-se á minha frente e deu-me um beijinho na testa. – Hoje será um dos dias mais felizes da tua vida! – Disse sorrindo. - Espero que aceites a surpresa que eu, o meu marido e o Ezequiel vos fizemos... Nos últimos dias temos preparado o vosso casamento. – Fiquei sem reação. Casamento?! Nós tínhamos “acabado” com o noivado  recentemente, não estava nos nossos planos casar mas a família dele sabia que estávamos noivos e preparou tudo, não tinha como recusar. Eu queria sentia-me preparada, amava-o e sei que com ele seria feliz mas não tinha pensado nisso, não num plano a curto ou médio prazo. – Tu queres casar... Hoje, minha querida? – Abri os olhos sem qualquer tipo de reação, eu tinha de responder mas não o conseguia fazer por palavras porque sabia que iria gaguejar. Por isso abanei simplesmente a cabeça e acenei que sim. Ela sorriu e deu-me dois beijinhos, um em cada face. – Parabéns minha querida por fazeres ainda mais parte desta família!
Aproximei-me do vestido e pu-lo á minha frente sobre o meu corpo, abracei-o e sorri, apesar de “ainda não ter caído em mim” consegui retribuir o gesto em palavras:
-Obrigada! Muito, muito obrigada! – Disse com o sorriso mais sincero de toda a minha vida. Tinha o homem certo para me casar e estava feliz, podia ser nova mas tinha a certeza que iria ser feliz ao lado do homem da minha vida.
-De nada! – Deu-me mais um beijinho. -Agora vamos vestir-te. – Despi a camisola do Nicolás que tinha vestida e vesti o vestido que estava em cima da cama, só não consegui fechar o fecho que existia nas minhas costas. Consegui observar-me ao espelho e ficar deslumbrada com o que via, nunca me sentira tão bem em toda a minha vida. Estava tão feliz como nunca fora e talvez nunca voltasse a ser. – Sabes minha querida? – Olhei através do espelho. – Este foi o meu vestido de casamento e tenho muito orgulho que o uses hoje. – Abracei-a e dei-lhe o máximo de beijos que consegui na face.
-Obrigada, muito, muito obrigada! – A minha sogra saiu da minha frente e decidiu fechar o vestido.
 
Sentei-me em frente a uma secretária e observei-me ao espelho, a mãe do meu noivo estava atrás de mim e sussurrou-me:
-Tens os teus sapatinhos debaixo da secretária, descobri que calças o 36 como eu! – Trocamos um sorriso cúmplice e fiquei surpreendida, ela tinha tratado de tudo! Desviei a cadeira e deslumbrei os meus sapatos novos para esta ocasião.
 
Os sapatos eram lindos e perfeitos, eram de um branco simples e num modelo elegante mas como eu gostava. Calcei-os e coloquei-me em pé. Nem tinha palavras para o como me sentia nas nuvens.  Infelizmente só pude calçar um destes sapatos  porque o outro estava engessado, havia algum casamento como o nosso? Iria casar-me de muletas, seria bonito tirar fotografias para recordação futura e eu com muletas, não haja dúvida!
-Dona Maria. – Olhei para ela enquanto observava a minha perna engessada. – Vou ser uma noiva terrível, a mais feia da história! Com a perna engessada e as amigas muletas! – Disse triste.
-Oh minha filha. – Deu-me um beijo na testa e sorriu. – Deixa-te desses pensamentos triste e pensa que é o dia mais feliz da tua vida! Não interessam as muletas e a tua perna mas sim a tua felicidade!
Levantei-me e dei-lhe um valente abraço de felicidade, não tinha a minha mãe, nem a minha prima por perto, mas tinha a minha sogra de quem estava cada vez mais próxima e me apoiava.
-Falta aqui umas coisinhas para estar tudo perfeito minha nora! – Nem tive tempo de responder que ela virou costas e foi-se embora do quarto. Eu olhava-me ao espelho e sentia que não faltava nada. Talvez o véu, esse era o único que faltava mas eu nunca fiz questão de usar. Mas se mo trouxesse eu usaria-o com todo o gosto, deixei a minha sogra responsável por todo o meu look. Passado alguns minutos, talvez três ou quatro reaparece a minha sogra com as mãos bastante carregadas. Trazia uma mala na mão direita e um ramo de flores na mão esquerda. Aquela senhora realmente era mágica, tinha-se lembrado de tudo, até do que eu me esquecera! Ficaria eternamente grata por tudo! O ramo era bonito, muito bonito, era lindo como eu nunca tinha visto. E aquela cor era mais que a cor do amor, era a cor do sangue e do clube que nos juntou, o Benfica.
 
Voltei a agradecer-lhe mais uma vez, nem nunca imaginara que podia ser tão feliz como me estava a sentir, eu não merecia tudo aquilo mas tinha de aproveitar. A minha sogra pediu-me para me pôr á vontade na secretária e começou a maquilhar-me, algo que me tinha escapado, e ela continuava a pensar em tudo ao pormenor. Depois de alguma maquilhagem, discreta como sugeri, foi altura de arranjar o meu cabelo, algo que a Dona Maria sabia fazer, tinha sido cabeleireira durante alguns anos e então decidiu pôr em prática a sua experiência. Optou por algo simples mas bonito, e no final depois de pronto, olhei-me ao espelho pela primeira vez (ela tinha-me impedido de abrir os olhos durante todo este percurso) e não podia ficar mais surpreendida, sentia-me perfeita, sentia-me a princesa, ou melhor a rainha, dos meus sonhos de infância. Deitei a primeira lágrima de felicidade, que a minha sogra logo limpou e disse:
-Não comeces a chorar que tive a maquilhar-te e borraste toda! – Tive de sorrir. E depois foi a sua vez de começar a chorar, que eu interrompi logo a dizer:
-Madrinha que é madrinha não chora! – A senhora ficou surpreendida a olhar para mim e só aí lhe expliquei que seria a minha madrinha de casamento e o seu marido o meu padrinho, eles tinham sido os grandes “pensadores” de todo este momento e o mínimo de recompensa que poderia fazer era serem meus padrinhos. Abraçamo-nos e só não começamos a chorar porque senão estragávamos a maquilhagem e a outra não o permitia. Até que ouvimos bater á porta e eu logo disse:
-Sí? – Disse no meu espanhol envergonhado mas convicto.
-Sou eu, o Nico meu amor, vou entrar! – Aquela voz doce mas grave infiltrava-se no meu coração como se fosse parte de mim e realmente era, precisava dele para ser feliz e estar completa. A minha sogra ficou surpreendida e tentou impedir que ele entrasse mas ele tinha mais força e depois de discutirem a “porta”, ele acabou por entrar e olhar para mim, boquiaberto e surpreendido, pegar em mim ao colo e me beijar. Nada como aqueles lábios, nada como aquele corpo, aquele abraço, nada como ele, bem junto a mim.
-Mi cieclo. – Sussurrou-me ele ainda comigo ao colo. – Espero que aceites este casamento e que queiras ser feliz ao meu lado para sempre até ao último dia das nossas vidas! – Disse beijando-me a testa.
-Mi amor. – Respondi sussurrando-lhe ao ouvido. – Como poderia recusar a melhor oportunidade que Deus e os teus pais nos deram? – Sorrimos. – Agora vai acabar de te arranjar porque eu com as muletas demoro mais tempo a ir ter contigo ao nosso casamento. – Pousou-me sobre a cadeira e falou:
-Mãe. – Olhou para a mãe. – Noiva. – Olhamos cumplicemente. – Como a Ritinha está com as muletas e uma mulher deve chegar sempre de mão dada com um homem decidi fazer algo original. – Olhei-o curiosa. – Ela vai chegar acompanhada ao casamento mas é por mim e não é de mão dada, é ao meu colo e nem vale a pena discutir está decidido! – Deu  um beijinho na bochecha á mãe e outro, apesar de rápido nos meus lábios, só pude ver mais uma vez, e rapidamente a sua roupa. Estava maravilhosamente apaixonante (tudo nele o é, mas vestido assim para o NOSSO casamento ainda mais ficava!)
 
Começamos a falar sobre o casamento e o dia que tinham tido em mente para o dia do meu casamento, mas nada de muita conversa porque se assim fosse atrassavemo-nos para o meu próprio casamento. O vestido que estava a usar já tinha sido utilizado pela minha sogra e foi apenas sujeito a algumas diferenças e retoques. Existia um véu mas não mo trouxera porque achara que eu não iria gostar e era demasiado antigo para o que o vestido atual era e demasiado “pesado” e antiquado, mas eu depois de muito pedir vi o meu pedido aceite e pude usar o véu, o que me deixou feliz. Era uma noiva feliz vestida de branco e com um véu bonito e com tradição e um ramo de flores numa das minhas cores preferidas e que mais me dizia, porque enquanto noiva só o é se tiver vestido e véu, porque senão o tiver é apenas mais uma mulher de vestido branco. No final e sem o véu colocado na minha cabeça pude tirar uma fotografia orgulhosa e feliz, na praia onde nos iriamos casar, mas sem as muletas, não iria estragar o dia mais feliz da minha vida.
 
 
O Nicolás veio-me buscar 10 minutos depois do tempo previsto da cerimónia, noiva que é noiva chega sempre atrasada e entrei mesmo para o pedaço de praia onde iria ser o meu casamento ao colo do meu futuro marido, estava radiante mas sentia-me completa. O ramo de flores estava sobre o meu colo e não podia não ficar orgulhosa daquele dia, daquele momento, do Nicolás e do nosso amor.
Assim que cheguei ao local onde iria ser o meu casamento, não consegui conter as lágrimas, havia um senhor que iria presidir a cerimónia, os meus sogros e o Ezequiel, mas também havia uma tela próxima, e lá estava a minha família, o meu pai, a minha mãe, o meu irmão Diogo e a Qeu, a minha prima. Eles não estavam comigo mas iam assistir á cerimónia, morria de saudades deles. Assim que me viram a minha mãe não resistiu em chorar, afinal a “pequenina” dela iria casar-se. Fomos até junto do senhor do registo, que iria presidir a cerimónia e foi a minha vez de chorar no ombro do Nicolás, e ele chorou comigo também mas precisávamos de nos recompor para continuarmos com a cerimónia. Ele deu-me um beijo na testa e sussurrou:
-Vai correr tudo bem meu amor! Juntos até ao infinito e mais além lembraste? – Sorri e senti-me ainda melhor, aquele homem era um anjo lembrava-se daquilo que lhe tinha dito nem que fosse um desabafo sobre a minha infância.
(Recordação)
Estava com a cabeça pousada nas pernas no meu amor, fazendo de almofada, estávamos a ver um filme que sinceramente não estava a prestar muita atenção, mas lembro-me perfeitamente daquela cena. Eram dois melhores amigos que se conheciam desde a infância e apaixonaram-se durante a adolescência. No dia em que começaram a namorar, junto ao mar, ele abraçou-a, agarrou-a com os seus braços e cruzou os mindinhos e disseram em coro, uma promessa que tinham desde infância, algo que só eles tinham:
-Juntos até ao infinito e mais além!
 
 

 
E no filme realmente ficaram, juntos até ao fim, até ao dia em que ele morreu mas cruzou o mindinho dela e sussurrou as últimas palavras, que professara anos mais tarde quando começaram aquela relação. E eu não aguentei não chorar com aquele final, o Nico limpou-me as lágrimas e fizemos a mesma promessa. E eu não consegui conter as lágrimas e chorei, lágrimas de alegria e amor, ele era um homem encantador sem dúvida.
(Fim de Recordação)
-Aqui estamos presentes para juntar este casal no amor até ao fim das suas vidas. Acreditamos que este amor será eterno e irá superar qualquer idade, barreira linguista, irá ultrapassar tudo e juntos irão ser felizes e mais tarde ter os seus filhos que ficaram orgulhosos dos pais que têm! – Aquele texto só podia ter “mão” da minha sogra olhei para ela, que chorava orgulhosa e eu sorri-lhe. O marido limpou-lhe as lágrimas e beijou-lhe a testa, tal como o Nicolás me fazia.
Olhei para o Nicolás para trocarmos um sorriso cúmplice, ou então bastava um olhar, olhei para o lado onde ele estava sentado e deparei-me com um lágrima a cair pelo seu rosto. Ele estava a chorar! Será que aquilo era um sonho?! Eu iria ser a senhora Gaitán, iria ser realmente feliz, eu era-o enquanto “solteira”, apenas enquanto namorada dele, depois enquanto noiva, mas enquanto mulher eu sei que ninguém me iria estragar a felicidade.
O casamento desenrolou-se e eu só conseguia ou chorar descontroladamente, mas sempre agarrada ao meu marido (adoro repetir esta palavra, ainda não acreditava que ele era o MEU marido!), ou sorrir de forma tão expressiva que me doía os maxilares. Todos nós choramos, todas as pessoas que assistiram ao casamento choraram, e eu?! Sentia-me nas nuvens, talvez fosse uma dádiva de Deus tudo o que estava a viver mas era demasiado bom para ser verdade! Será que eu merecia? Talvez não mas iria aproveitar, estava junto a um homem que me amava e que eu o amava com todo o coração, com todo o sangue que me circula no corpo, com toda a força e garra que havia em mim e nada nos podia separar, por mais anos que vivêssemos lado a lado, eu sabia que iriamos ser tão felizes como os nossos pais!
- E agora podem fazer as vossas promessas e preces espontâneas perante os nossos convidados aqui e do outro lado do oceano. – Apesar de não falar muito espanhol, o juiz que conduzia este casamento falava num espanhol calmo e eu conseguia compreender. O meu amor abriu os olhos, virou a sua face frente a frente a mim, agarrou-me nas mãos e respondeu:
-Eu, Nicolás quero-te a ti, Rita Gaitán – Não esperava mas sempre lhe confessara que quando me casasse com ele iria adotar o seu apelido. – Como minha esposa e prometo amar-te todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe. Na alegria, na tristeza, na doença, ou na pobreza, em qualquer altura da nossa vida.
-Eu, Ana Rita, quero-te a ti, Osvaldo  Nicolás. – Dizia-a sorrindo. – Como meu marido sempre. Mesmo quando o mundo nos tentar derrubar, quando nos tentar separar ou destruir, eu vou olhar para ti, cruzar as nossas mãos e olhar-te nos olhos, sorrir e lutarmos juntos. Não será fácil, mas sei que só a teu lado serei feliz.
-Podem trazer as alianças. – Disse.
Olhamos para todo o lado e não entendemos quem iria trazer as alianças. Até que a minha sogra traz um cestinho com duas alianças.
 

 
 
Eram duas alianças simples, mas tão bonitas. Colocamos no dedo anelar da mão esquerda e não aguentamos não chorar, de felicidade, de orgulho, de uma série de sentimentos demasiado fortes e intensos.
- Declaro-vos marido e mulher.- Sorrimos. -Pode beijar a noiva. – Trocamos um beijo tenro mas curto, embora o desejo fosse de algo muito superior, mas não pensávamos nisso. Queríamos apenas um beijo para celebrar o momento.
Demos mais um beijo e depois ele pegou-me ao colo e desfilamos por entre os convidados que embora poucos nos atiraram arroz, como em forma de boa sorte.
Juntamo-nos ás famílias que assistiram ao casamento e não contivemos a felicidade. Era orgulho, felicidade, ansiedade, era tudo e eles sentiam o mesmo. Era tudo! Desejaram-nos boa sorte e eu acabei por confessar em segredo ao Ezequiel que esperava que ele trocasse também alianças com a Qeu. E que bastava esperar que tudo iria conseguir, eles mereciam. A mãe do Nicolás, agora minha sogra oficialmente, confessou-nos que tinha tratado de tudo apenas lhe faltou algo. Tratar da nossa lua-de-mel, que até tinha falado com o Benfica e deram uma semana para aproveitarmos para festejar e namorarmos. Como não tínhamos planos e sem vontade de ficarmos em Portugal, apenas em casa, tive a ideia de irmos até ao Brasil. Mas como não queríamos ir de avião, pegamos no carro e fomos de partida até ao único país da América Latina, onde falava-se o Portugal e com muitas certezas na bagagem e um sorriso no rosto, iriamos ficar juntos sempre, acontece-se o que acontecesse.
 



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