Desculpem a demora mas aqui têm o capítulo 23 desta fic, podia dizer-vos milhões de motivos pela demora, mas optei por ser sincera:
O meu sentimento pelo jogador mudou e muito, continua forte e tenho ideias para escrever mas sempre que tentava escrever, algo me impedia.
Cresci enquanto pessoa e escritora desde que comecei esta fic que foi a minha primeira, e como tal já não me identifico com o que escrevo aqui.
Adoro tudo o que escrevi e todas as ideias e o jogador, adoro o clube. E vou guardar no meu coração todos os comentários e opiniões que recebi de todas vós.
Quanto ao futuro da fic, pensei que poderia encerrar com este capítulo, seria algo emocionante e um final feliz, como todas desejam para estas duas personagens e em especial para o Nico. Mas tudo depende do que vocês decidirem para esta fic, se pretendem que acabe com este capítulo, ou se continuem. E digo, sinceramente, que se continuar posso demorar a escrever e haverá muitas, diversas mudanças na história deles.
Mas quanto á fic "Quase Impossível", continuarei a escrever, como sempre!
Podem deixar as vossas opiniões, ou comentários neste capítulo ou por mensagem no meu facebook, ou no grupo. Preciso mesmo é que me enviei por favor. É importante sabê-lo.
Beijinhos
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-Buenas tardes Rita. – Disse o senhor e eu fiquei a olhar para ele sem reação possível. Reconheci logo quem era, dispensava apresentações, tinha demasiadas parecenças com o Nicolás, além do mais era a única explicação lógica para apesar de nunca o ter visto na minha vida saber o meu nome. Fiquei sem saber o que responder mas acabei por cumprimentar o senhor com dois beijinhos na face e responder embora com vergonha:
-Buenas tarde
senhor... – Não conclui a frase porque na verdade não sabia o nome do
senhor, o que era uma enorme vergonha não saber o nome do meu sogro.
-Osvaldo. – Respondeu
o Nico sorrindo e cruzando as nossas mãos.
-Como tu? – Perguntei
envergonhada trocando um olhar cúmplice com o Nico.
-Sim carinho. – Deu-me
um beijo na testa. – Osvaldo como eu.
-Então isso quer dizer
que seguindo a tradição também vamos ter um filho Osvaldo certo? – Todos se
começaram a rir inclusive o Ezequiel e eu fiquei super envergonhada, será que
tinha dito alguma asneira?
-A Rita é muito
inteligente! – Disse a minha sogra sorrindo.
-Embora a ideia me
agrade não tem de ser assim minha querida. - Disse o meu sogro sorrindo e
eu senti as minhas bochechas a serem alvo de uma vergonha tamanha e a cor mudar
radicalmente em vez de ser a sua cor natural estava mais vermelha que um campo
de tomates prontos a serem colhidos. – E
não precisas de envergonhar cada vez que falo, sou apenas o pai do Nicolás, não
sou nenhum bicho papão. – Disse e depois começaram todos a rir-se e eu
senti que se existisse um buraco eu saltaria para lá, ou melhor escavava um eu
própria e iria para lá, pelo menos até se esquecerem deste momento embaraçoso
para mim.
-Já sabes como é que
eu me senti quando conheci os teus pais! – É o que eu digo, está tudo
contra mim! Até o Nico ajuda a com que fique ainda mais envergonhada! – Por acaso nunca tinha pensado em ter um
filho Osvaldo, não é um nome muito popular hoje em dia. – Disse ele.
-Mas não é uma carta
fora do baralho. Por enquanto temos tempo para pensar em bebés, por enquanto
estamos só nós os dois bem. – Disse dando-lhe um beijo na testa. – Filhos só depois do casamento senão deves
explicações ao meu pai e não vai ser fácil. – Confessei sorrindo.
-Secalhar o casamento
está mais próximo do que pensas. – Disse a minha sogra entredentes e eu
fiquei sem entender aquelas palavras mas nem pensei muito nisso, talvez fosse
alguma brincadeira. O Ezequiel apesar de não muito falar muito escutava com
muita atenção. Trocamos mais algumas palavras, a minha sogra estava preocupada
comigo, porque razão estaria de muletas e eu tive de lhe contar a verdade, mas
escondi alguns pormenores claro, havia pormenores íntimos que preferia guardar
para mim mesma e para o meu namorado. E claro que ofereceram logo ajuda e algum
apoio e quiseram fazer tudo para não fazer demasiado esforço com aquele pé. Mas
eu não me sentia bem a não ajudar, sentia-me uma inútil sem fazer nada. Não
sabia cozinhar era certo mas podia fazer outras coisas, podia ajudar com as
limpezas, podia arrumar as malas do Nico, visto que eu não tinha nada meu. Era
fácil saber com o que dormiria, uma t-shirt do Nico bastava-me mas e amanhã? Que
roupa vestiria? Apesar de estar aqui num
verdadeiro gesto de amor, numa autêntica prova de amor mas isso não me dava
roupa para vestir. Os pais do Nico levaram-nos até ao quarto onde iriamos ficar
ficar e o quarto não me desagradava de todo, até gostava bastante.
Deitei-me na cama enquanto o Nico arrumava a roupa dele e
acabei por adormecer. Estava cansada depois do dia atarefante que tinha sido,
as viagens de avião são sempre cansadas então quando são viagens de muitas
horas mais cansativas se tornam ainda mais, depois passeamos pela capital do
país do meu amor e as energias não aguentaram tanta coisa, somando estes
fatores a uma noite mal dormida num banco de aeroporto pior era.
Acordei pouco passavam das 9h, devido á diferença horária,
senti uns braços a agarrar-me na barriga, só podia ser o Nicolás, mexi-me de
forma a não o despertar e olhei para ele, estava tão carinhosamente querido a
dormir que não resisti a dar-lhe um beijo, ligeiro nos lábios, era uma forma de
lhe demonstrar que o amo e que o queria do meu lado, sentia tantas saudades
dele apesar de ainda ontem ter estado com ele. Sentia saudades dele porque
tinha estado longe dele, longe de nós e o meu coração sentia saudades de todo
ele, tinha sido uma verdadeira idiota a deixá-lo, a tomar atitudes infantis e
idiotas e queria aproveitar o tempo que pudesse para matar saudades, para lhe
demonstrar que estava arrependida. Não estava grávida, era certo, eu queria
muito ser mãe, é o meu sonho desde a altura em que falava, tinha coleções de
bonecos e todos eles tinham nomes, eram como filhos para mim. Mas se o Nicolás
quisesse ser pai, eu punha de lado, o meu sonho de concluir a universidade para
ser mãe, eu faria isso por ele, porque mais importante do que eu, era o amor
que me unia ao Nicolás, e se ele era feliz eu estava feliz por ele e por nós.
Ele abriu os olhos e sorriu-me, retribuiu o meu beijo,
dando-me um beijo mais intenso e demorado que o anterior e disse:
-Buenos dias! – Sorriu.
– Não existe melhor despertar que este!
– Corei mais uma vez, independentemente do tempo a que estamos juntos,
havia hábitos meus que se mantinham e corada eu ficaria sempre desde que o
tivesse a meu lado.
-Já te disse que és o
mais tontinho do mundo? – Sorri. – E
sim existe melhor despertar que este, é quando por exemplo nos trazem o
pequeno-almoço á cama e eu não o trouxe porque acabei de acordar... Desculpa. –
Fiz beicinho e ele sorriu.
-Para começarmos os
dois de forma perfeita o dia de hoje fazemos assim tu ficas deitadinha aqui na
cama que eu vou lá abaixo buscar o pequeno-almoço e trazer-te á cama pode ser?
– Ele estava já a levantar-se mas eu puxei-o para dentro da cama novamente.
-Amor. – Disse
melosa enquanto ele se deitava ao meu lado. – Não queres ficar aqui o dia todo deitado a matar saudades? – Perguntei
enchendo a cara de beijinhos.
-E o que dizemos aos
meus pais? Olhem desculpem mas vamos ficar pela cama o dia todo a dar
beijinhos? – Disse enquanto falando comigo olhos nos olhos.
-Achas que me
consegues agarrar á cama só com beijinhos? Acho que me dava o sono e
adormecia... – Fiz beicinho. – Por
muito que goste dos teus beijinho assim não me prendes á cama assim! – Colocou-se
em cima de mim e colocou as minhas mãos debaixo da minha almofada e da minha
cabeça e beijou toda a minha face e depois deu um beijo nos lábios, depois
começou a beijar-me o pescoço e senti-me ainda mais atraída por ele, era
impossível resistir-lhe.
Até que a porta do quarto se abriu e entrou, o Nico
deitou-se ao meu lado e eu virei-me para o lado da porta. Fosse quem fosse não
tinha o direito de entrar pelo quarto sem pelo menos avisar, imagine-se que
estávamos a fazer algo mais... Pessoal e íntimo?
O Ezequiel entrou pelo quarto e tapou os olhos num gesto
rápido e eu sorri, logo disse:
-Desculpem... – Disse
ele ainda de olhos tapados. – Não queria
interromper nada.
-E não interrompeste
tonto. – Sentei-me na cama. –Estávamos
só a falar.
-Já lhe ouvi chamar
muitas coisas... – Comecei a rir-me. – É
seguro olhar?
-Tão seguro como me
chamar Osvaldo! – Disse o Nicolás e provocou gargalhada total. O Ezequiel
tirou as mãos da frente dos olhos e espreitou, primeiro com o olho esquerdo
depois com o olho direito. – Então diz
lá o que te trouxe ao nosso quartinho com tanta pressa?
-A tua mãe pediu para vos vir acordar com
urgência que senão chegavam atrasados...
-Atrasados? Que é que
andaste a tramar Osvaldo Nicolás Fabián Gaitán? – Disse.
-Estou tão
desnorteado como tu. – Queixou-se. – Tu
sabes de alguma coisa Ezequiel?
-Não, a tua mãe só me
disse que vos queria lá em baixo de pijama em... – Olhou para o relógio que
estava no pulso esquerdo. – Bem ela
disse que tinham de lá estar em baixo dentro de 5 minutos e já passaram seis por isso se fosse a vocês
ia a correr. Eu deixo-vos em paz para se vestirem.. Fui. – Virou costas e
foi-se embora do quarto e lá ficamos a olhar um para o outro sem entender o que
se passava, porque tinha a mãe dele tanta urgência? Ficamos preocupados e
acabamos por ir com a roupa que tínhamos no corpo para o andar de baixo daquela
casa.
Ao final das escadas existia a sala de convívio e enquanto a
minha sogra andava de um lado para outro da sala atarefada a arrumar tudo e o
meu sogro sentado no sofá a ver televisão, havia algo mais típico? Assim que os
vimos o Nico disse:
-Buenos dias. – Disse
e eu respondi baixinho num português simples e envergonhado.
-Bom dia. – Olharam
ambos para trás e enquanto o meu sogro se aprontou a levantar-se e a vir-me
cumprimentar com dois beijinhos e dar um abraço ao filho e responder.
-Bons dias! Dormiram
bem? – Perguntou num espanhol que eu percebi e deixei que o Nicolás
respondesse porque eu não sabia o que dizer.
-Sí. Sí. – Deu um
abraço ao pai. – O Ezequiel chamou-nos
qual é a pressa da mãe?
-Só sei que ela ainda
não deu por vocês senão estava já a mandar vir que estavam atrasados.
-Mas atrasados para o
quê? – Disse tentando arriscar no meu espanhol embora envergonhado. A minha
sogra olhou para nós e começou a falar connosco num espanhol irritado,
conseguia bem perceber porque ganhavam uma maneira especial de falar sempre que
se enervavam.
-Acham que isto são
horas meninos? São 9:10, ás 11h tem de estar prontos e ainda nem banho tomaram!
-Madre... – Disse
o Nico calmo. – Porque tanta pressa? Nós
só vamos apanhar o avião daqui a uns dias...
-É surpresa até
depois do banho, coisa que vão tomar agora. – Eu e o Nico sorrimos, banho
juntos haveria como negar algo tão irrecusável? – Rita vai tomar banho enquanto o Nicolás toma o pequeno-almoço e quando
voltares vai ele, mas despacha-te tens 5 minutos senão tomas banho de água
fria!
Não queria provocar a minha sogra por isso decidi ir tomar
banho e para quem demora vinte minutos no minuto consegui reduzir o meu mínimo
para seis minutos, sendo que o último já foi de água fria, a minha sogra
desligou a água quente, cumprindo o que prometeu e eu fui até ao quarto e vesti
uma t-shirt do Nicolás, porque não tinha nada meu e fui até ao andar de baixo e
entendi que o Nico já estava no banho e eu teria de ir comer algo.
Voltei ao andar de banho e a minha sogra deu-me uma sandes
de manteiga e levou-me novamente até ao quarto do Ezequiel. Porque iriamos para
lá? Eu precisava de ir até ao seu quarto para vestir uma roupa sua e pudermos
ir descobrir encantos da bonita cidade de Buenos Aires.
Entrei dentro do quarto e a primeira imagem que me soltou á
vista foi um vestido de noiva que estava sobre a cama. Mas o que significava
tudo aquilo? Fiquei sem reação possível e a minha sogra não tardou em explicar.
-Minha querida. – Colocou-se
á minha frente e deu-me um beijinho na testa. – Hoje será um dos dias mais felizes da tua vida! – Disse sorrindo. -
Espero que aceites a surpresa que eu, o
meu marido e o Ezequiel vos fizemos... Nos últimos dias temos preparado o vosso
casamento. – Fiquei sem reação. Casamento?! Nós tínhamos “acabado” com o
noivado recentemente, não estava nos
nossos planos casar mas a família dele sabia que estávamos noivos e preparou
tudo, não tinha como recusar. Eu queria sentia-me preparada, amava-o e sei que
com ele seria feliz mas não tinha pensado nisso, não num plano a curto ou médio
prazo. – Tu queres casar... Hoje, minha
querida? – Abri os olhos sem qualquer tipo de reação, eu tinha de responder
mas não o conseguia fazer por palavras porque sabia que iria gaguejar. Por isso
abanei simplesmente a cabeça e acenei que sim. Ela sorriu e deu-me dois
beijinhos, um em cada face. – Parabéns
minha querida por fazeres ainda mais parte desta família!
Aproximei-me do vestido e pu-lo á minha frente sobre o meu
corpo, abracei-o e sorri, apesar de “ainda não ter caído em mim” consegui
retribuir o gesto em palavras:
-Obrigada! Muito,
muito obrigada! – Disse com o sorriso mais sincero de toda a minha vida.
Tinha o homem certo para me casar e estava feliz, podia ser nova mas tinha a
certeza que iria ser feliz ao lado do homem da minha vida.
-De nada! – Deu-me
mais um beijinho. -Agora vamos
vestir-te. – Despi a camisola do Nicolás que tinha vestida e vesti o
vestido que estava em cima da cama, só não consegui fechar o fecho que existia
nas minhas costas. Consegui observar-me ao espelho e ficar deslumbrada com o
que via, nunca me sentira tão bem em toda a minha vida. Estava tão feliz como
nunca fora e talvez nunca voltasse a ser. – Sabes minha querida? – Olhei através do espelho. – Este foi o meu vestido de casamento e tenho
muito orgulho que o uses hoje. – Abracei-a e dei-lhe o máximo de beijos que
consegui na face.
-Obrigada, muito,
muito obrigada! – A minha sogra saiu da minha frente e decidiu fechar o
vestido.
Sentei-me em frente a uma secretária e observei-me ao
espelho, a mãe do meu noivo estava atrás de mim e sussurrou-me:
-Tens os teus
sapatinhos debaixo da secretária, descobri que calças o 36 como eu! – Trocamos
um sorriso cúmplice e fiquei surpreendida, ela tinha tratado de tudo! Desviei a
cadeira e deslumbrei os meus sapatos novos para esta ocasião.
Os sapatos eram lindos e perfeitos, eram de um branco
simples e num modelo elegante mas como eu gostava. Calcei-os e coloquei-me em
pé. Nem tinha palavras para o como me sentia nas nuvens. Infelizmente só pude calçar um destes
sapatos porque o outro estava engessado,
havia algum casamento como o nosso? Iria casar-me de muletas, seria bonito
tirar fotografias para recordação futura e eu com muletas, não haja dúvida!
-Dona Maria. – Olhei
para ela enquanto observava a minha perna engessada. – Vou ser uma noiva terrível, a mais feia da história! Com a perna
engessada e as amigas muletas! – Disse triste.
-Oh minha filha. – Deu-me
um beijo na testa e sorriu. – Deixa-te
desses pensamentos triste e pensa que é o dia mais feliz da tua vida! Não
interessam as muletas e a tua perna mas sim a tua felicidade!
Levantei-me e dei-lhe um valente abraço de felicidade, não
tinha a minha mãe, nem a minha prima por perto, mas tinha a minha sogra de quem
estava cada vez mais próxima e me apoiava.
-Falta aqui umas
coisinhas para estar tudo perfeito minha nora! – Nem tive tempo de
responder que ela virou costas e foi-se embora do quarto. Eu olhava-me ao
espelho e sentia que não faltava nada. Talvez o véu, esse era o único que
faltava mas eu nunca fiz questão de usar. Mas se mo trouxesse eu usaria-o com
todo o gosto, deixei a minha sogra responsável por todo o meu look. Passado
alguns minutos, talvez três ou quatro reaparece a minha sogra com as mãos
bastante carregadas. Trazia uma mala na mão direita e um ramo de flores na mão
esquerda. Aquela senhora realmente era mágica, tinha-se lembrado de tudo, até
do que eu me esquecera! Ficaria eternamente grata por tudo! O ramo era bonito,
muito bonito, era lindo como eu nunca tinha visto. E aquela cor era mais que a
cor do amor, era a cor do sangue e do clube que nos juntou, o Benfica.
Voltei a agradecer-lhe mais uma vez, nem nunca imaginara que
podia ser tão feliz como me estava a sentir, eu não merecia tudo aquilo mas
tinha de aproveitar. A minha sogra pediu-me para me pôr á vontade na secretária
e começou a maquilhar-me, algo que me tinha escapado, e ela continuava a pensar
em tudo ao pormenor. Depois de alguma maquilhagem, discreta como sugeri, foi
altura de arranjar o meu cabelo, algo que a Dona Maria sabia fazer, tinha sido
cabeleireira durante alguns anos e então decidiu pôr em prática a sua
experiência. Optou por algo simples mas bonito, e no final depois de pronto,
olhei-me ao espelho pela primeira vez (ela tinha-me impedido de abrir os olhos
durante todo este percurso) e não podia ficar mais surpreendida, sentia-me perfeita,
sentia-me a princesa, ou melhor a rainha, dos meus sonhos de infância. Deitei a
primeira lágrima de felicidade, que a minha sogra logo limpou e disse:
-Não comeces a chorar
que tive a maquilhar-te e borraste toda! – Tive de sorrir. E depois foi a
sua vez de começar a chorar, que eu interrompi logo a dizer:
-Madrinha que é
madrinha não chora! – A senhora ficou surpreendida a olhar para mim e só aí
lhe expliquei que seria a minha madrinha de casamento e o seu marido o meu
padrinho, eles tinham sido os grandes “pensadores” de todo este momento e o
mínimo de recompensa que poderia fazer era serem meus padrinhos. Abraçamo-nos e
só não começamos a chorar porque senão estragávamos a maquilhagem e a outra não
o permitia. Até que ouvimos bater á porta e eu logo disse:
-Sí? – Disse no
meu espanhol envergonhado mas convicto.
-Sou eu, o Nico meu
amor, vou entrar! – Aquela voz doce mas grave infiltrava-se no meu coração
como se fosse parte de mim e realmente era, precisava dele para ser feliz e
estar completa. A minha sogra ficou surpreendida e tentou impedir que ele
entrasse mas ele tinha mais força e depois de discutirem a “porta”, ele acabou
por entrar e olhar para mim, boquiaberto e surpreendido, pegar em mim ao colo e
me beijar. Nada como aqueles lábios, nada como aquele corpo, aquele abraço,
nada como ele, bem junto a mim.
-Mi cieclo. – Sussurrou-me
ele ainda comigo ao colo. – Espero que
aceites este casamento e que queiras ser feliz ao meu lado para sempre até ao
último dia das nossas vidas! – Disse beijando-me a testa.
-Mi amor. – Respondi
sussurrando-lhe ao ouvido. – Como poderia
recusar a melhor oportunidade que Deus e os teus pais nos deram? – Sorrimos.
– Agora vai acabar de te arranjar porque
eu com as muletas demoro mais tempo a ir ter contigo ao nosso casamento. – Pousou-me
sobre a cadeira e falou:
-Mãe. – Olhou
para a mãe. – Noiva. – Olhamos
cumplicemente. – Como a Ritinha está com
as muletas e uma mulher deve chegar sempre de mão dada com um homem decidi
fazer algo original. – Olhei-o curiosa. – Ela vai chegar acompanhada ao casamento mas é por mim e não é de mão
dada, é ao meu colo e nem vale a pena discutir está decidido! – Deu um beijinho na bochecha á mãe e outro, apesar
de rápido nos meus lábios, só pude ver mais uma vez, e rapidamente a sua roupa.
Estava maravilhosamente apaixonante (tudo nele o é, mas vestido assim para o
NOSSO casamento ainda mais ficava!)
Começamos a falar sobre o casamento e o dia que tinham tido
em mente para o dia do meu casamento, mas nada de muita conversa porque se
assim fosse atrassavemo-nos para o meu próprio casamento. O vestido que estava
a usar já tinha sido utilizado pela minha sogra e foi apenas sujeito a algumas
diferenças e retoques. Existia um véu mas não mo trouxera porque achara que eu
não iria gostar e era demasiado antigo para o que o vestido atual era e
demasiado “pesado” e antiquado, mas eu depois de muito pedir vi o meu pedido
aceite e pude usar o véu, o que me deixou feliz. Era uma noiva feliz vestida de
branco e com um véu bonito e com tradição e um ramo de flores numa das minhas
cores preferidas e que mais me dizia, porque enquanto noiva só o é se tiver
vestido e véu, porque senão o tiver é apenas mais uma mulher de vestido branco.
No final e sem o véu colocado na minha cabeça pude tirar uma fotografia orgulhosa
e feliz, na praia onde nos iriamos casar, mas sem as muletas, não iria estragar
o dia mais feliz da minha vida.
O Nicolás veio-me buscar 10 minutos depois do tempo previsto
da cerimónia, noiva que é noiva chega sempre atrasada e entrei mesmo para o
pedaço de praia onde iria ser o meu casamento ao colo do meu futuro marido,
estava radiante mas sentia-me completa. O ramo de flores estava sobre o meu
colo e não podia não ficar orgulhosa daquele dia, daquele momento, do Nicolás e
do nosso amor.
Assim que cheguei ao local onde iria ser o meu casamento,
não consegui conter as lágrimas, havia um senhor que iria presidir a cerimónia,
os meus sogros e o Ezequiel, mas também havia uma tela próxima, e lá estava a
minha família, o meu pai, a minha mãe, o meu irmão Diogo e a Qeu, a minha
prima. Eles não estavam comigo mas iam assistir á cerimónia, morria de saudades
deles. Assim que me viram a minha mãe não resistiu em chorar, afinal a
“pequenina” dela iria casar-se. Fomos até junto do senhor do registo, que iria
presidir a cerimónia e foi a minha vez de chorar no ombro do Nicolás, e ele
chorou comigo também mas precisávamos de nos recompor para continuarmos com a
cerimónia. Ele deu-me um beijo na testa e sussurrou:
-Vai correr tudo bem
meu amor! Juntos até ao infinito e mais além lembraste? – Sorri e senti-me
ainda melhor, aquele homem era um anjo lembrava-se daquilo que lhe tinha dito
nem que fosse um desabafo sobre a minha infância.
(Recordação)
Estava com a cabeça pousada nas pernas no meu amor, fazendo
de almofada, estávamos a ver um filme que sinceramente não estava a prestar
muita atenção, mas lembro-me perfeitamente daquela cena. Eram dois melhores
amigos que se conheciam desde a infância e apaixonaram-se durante a
adolescência. No dia em que começaram a namorar, junto ao mar, ele abraçou-a,
agarrou-a com os seus braços e cruzou os mindinhos e disseram em coro, uma
promessa que tinham desde infância, algo que só eles tinham:
-Juntos até ao
infinito e mais além!
E no filme realmente ficaram, juntos até ao fim, até ao dia
em que ele morreu mas cruzou o mindinho dela e sussurrou as últimas palavras,
que professara anos mais tarde quando começaram aquela relação. E eu não
aguentei não chorar com aquele final, o Nico limpou-me as lágrimas e fizemos a
mesma promessa. E eu não consegui conter as lágrimas e chorei, lágrimas de
alegria e amor, ele era um homem encantador sem dúvida.
(Fim de Recordação)
-Aqui estamos
presentes para juntar este casal no amor até ao fim das suas vidas. Acreditamos
que este amor será eterno e irá superar qualquer idade, barreira linguista, irá
ultrapassar tudo e juntos irão ser felizes e mais tarde ter os seus filhos que
ficaram orgulhosos dos pais que têm! – Aquele texto só podia ter “mão” da
minha sogra olhei para ela, que chorava orgulhosa e eu sorri-lhe. O marido
limpou-lhe as lágrimas e beijou-lhe a testa, tal como o Nicolás me fazia.
Olhei para o Nicolás para trocarmos um sorriso cúmplice, ou
então bastava um olhar, olhei para o lado onde ele estava sentado e deparei-me
com um lágrima a cair pelo seu rosto. Ele estava a chorar! Será que aquilo
era um sonho?! Eu iria ser a senhora Gaitán, iria ser realmente feliz, eu era-o
enquanto “solteira”, apenas enquanto namorada dele, depois enquanto noiva, mas
enquanto mulher eu sei que ninguém me iria estragar a felicidade.
O casamento desenrolou-se e eu só conseguia ou chorar
descontroladamente, mas sempre agarrada ao meu marido (adoro repetir esta
palavra, ainda não acreditava que ele era o MEU marido!), ou sorrir de forma
tão expressiva que me doía os maxilares. Todos nós choramos, todas as pessoas
que assistiram ao casamento choraram, e eu?! Sentia-me nas nuvens, talvez fosse
uma dádiva de Deus tudo o que estava a viver mas era demasiado bom para ser
verdade! Será que eu merecia? Talvez não mas iria aproveitar, estava junto a um
homem que me amava e que eu o amava com todo o coração, com todo o sangue que
me circula no corpo, com toda a força e garra que havia em mim e nada nos podia
separar, por mais anos que vivêssemos lado a lado, eu sabia que iriamos ser tão
felizes como os nossos pais!
- E agora podem fazer
as vossas promessas e preces espontâneas perante os nossos convidados aqui e do
outro lado do oceano. – Apesar de não falar muito espanhol, o juiz que
conduzia este casamento falava num espanhol calmo e eu conseguia compreender. O
meu amor abriu os olhos, virou a sua face frente a frente a mim, agarrou-me nas
mãos e respondeu:
-Eu, Nicolás quero-te
a ti, Rita Gaitán – Não esperava mas sempre lhe confessara que quando me
casasse com ele iria adotar o seu apelido. – Como minha esposa e prometo amar-te todos os dias da nossa vida, até
que a morte nos separe. Na alegria, na tristeza, na doença, ou na pobreza, em
qualquer altura da nossa vida.
-Eu, Ana Rita,
quero-te a ti, Osvaldo Nicolás. – Dizia-a
sorrindo. – Como meu marido sempre.
Mesmo quando o mundo nos tentar derrubar, quando nos tentar separar ou
destruir, eu vou olhar para ti, cruzar as nossas mãos e olhar-te nos olhos,
sorrir e lutarmos juntos. Não será fácil, mas sei que só a teu lado serei
feliz.
-Podem trazer as
alianças. – Disse.
Olhamos para todo o lado e não entendemos quem iria trazer
as alianças. Até que a minha sogra traz um cestinho com duas alianças.
Eram duas alianças simples, mas tão bonitas. Colocamos no
dedo anelar da mão esquerda e não aguentamos não chorar, de felicidade, de
orgulho, de uma série de sentimentos demasiado fortes e intensos.
- Declaro-vos marido
e mulher.- Sorrimos. -Pode beijar a
noiva. – Trocamos um beijo tenro mas curto, embora o desejo fosse de algo
muito superior, mas não pensávamos nisso. Queríamos apenas um beijo para
celebrar o momento.
Demos mais um beijo e depois ele pegou-me ao colo e
desfilamos por entre os convidados que embora poucos nos atiraram arroz, como
em forma de boa sorte.
Juntamo-nos ás famílias que assistiram ao casamento e não
contivemos a felicidade. Era orgulho, felicidade, ansiedade, era tudo e eles
sentiam o mesmo. Era tudo! Desejaram-nos boa sorte e eu acabei por confessar em
segredo ao Ezequiel que esperava que ele trocasse também alianças com a Qeu. E
que bastava esperar que tudo iria conseguir, eles mereciam. A mãe do Nicolás,
agora minha sogra oficialmente, confessou-nos que tinha tratado de tudo apenas
lhe faltou algo. Tratar da nossa lua-de-mel, que até tinha falado com o Benfica
e deram uma semana para aproveitarmos para festejar e namorarmos. Como não
tínhamos planos e sem vontade de ficarmos em Portugal, apenas em casa, tive a
ideia de irmos até ao Brasil. Mas como não queríamos ir de avião, pegamos no
carro e fomos de partida até ao único país da América Latina, onde falava-se o
Portugal e com muitas certezas na bagagem e um sorriso no rosto, iriamos ficar
juntos sempre, acontece-se o que acontecesse.